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terça-feira, 23 de abril de 2013

Eutanásia: Direito de morrer ou crime?

Por: João César - fundador e editor do blog. 

Eutanásia significa boa morte. 
É a prática pela qual se abrevia, sem dor ou sofrimento, a vida de um enfermo incurável.

Fiquei emocionado com as histórias apresentadas ontem no SBT Repórter sobre o tema. 
Uma mulher tem um problema que a deixou completamente paralisada, nem abrir os olhos sem ajuda da enfermeira ela consegue. Ela sobrevive através de aparelhos. Sente frio, calor e também tem consciência de tudo que acontece, tanto é que já escreveu 3 livros com os olhos (existe um aparelho que por meio dos olhos se identifica o que a pessoa quer dizer). O repórter perguntou a ela: ''Você não acha ruim ter uma vida limitada, nunca pensou em desligar os aparelhos?'', ela respondeu: ''Eu amo a vida.'' 
E a família luta e se dedica ao extremo para dar as melhores condições à ela.

Em outro caso, uma mulher que tinha dificuldade para respirar e sofria de acúmulo de água no estômago (uma doença vegetativa, sem cura) não suportou mais e pediu a morte. Depois que os familiares compreenderam a decisão dela, eles marcaram para uma segunda-feira o dia do óbito. Fizeram uma ''festa'' e todos as pessoas queridas por ela estavam presentes. Chegou a hora. Todos fizeram uma roda, e ela no meio, chorou, despediu-se de todos e tomou a dose fatal (dose feita exclusivamente para pacientes que optam pela eutanásia, essa substância faz o coração parar). 

E também, brevemente falando, mostrou um caso de um menino que nasceu com uma doença vegetal e sem cura; cego, não ouve nem fala, não respira sem aparelhos, não se move e nem consciência ele tem. E o pai do garoto se separou da mãe pois eles entraram em um debate: o pai queria desligar os aparelhos e dar ''paz'' ao filho, já a mãe lutou contra isso e acabou vencendo. 

Aí fica uma pergunta no ar: EUTANÁSIA: DIREITO DE MORRER OU CRIME? 
Vou dar minha opinião a respeito. 

Devemos levar em consideração o fato de que não imaginamos a dor, nem o sofrimento que a pessoa passa, até por serem doenças incuráveis e na maioria das vezes vegetais. 
Hoje em dia existem posições religiosas, éticas e políticas sobre a eutanásia, mas para mim não significam nada, veja o porque penso assim. 
O ser humano tem seus limites e sabe quando pode ou não ultrapassá-los. Imagine você viver em uma cama, rodeado de aparelhos, sem falar, ouvir... A decisão de abreviar ou não a vida cabe exclusivamente ao enfermo e mais ninguém, pois como já disse, o sofrimento é insuportável, e ter a certeza de que vai viver com isso o resto da vida é péssimo para qualquer um, coloque-se no lugar de um deles. Na grande maioria dos casos nem morfina resolve, e a ciência ainda não desenvolveu técnicas para curar esse tipo de doença. 
Caso o paciente não queira, deve-se respeitar a opinião dele. E se caso optar pela morte também deve-se o respeito. Em muitos países a eutanásia já é definitivamente legalizada. É questão de opinião. E religião alguma deve interferir. Nem religião, política, órgãos públicos, justiça... 
Mas e quando o enfermo não está consciente e não tem como decidir se quer ou não a eutanásia? 
Aí fica a critério da família. Porque a pessoa inconsciente não tem condições nenhuma de sobreviver, tanto é que vivem a base de aparelhos. 

O caso recente da enfermeira que matou mais de 300 pacientes de sua UTI para sobrar mais leitos é outra história completamente diferente. Isso nem é eutanásia. É HOMICÍDIO! Não vamos confundir as coisas. 


Concluindo: Sou a favor da eutanásia em casos extremos, sem cura, vegetativos, de acordo com a vontade do paciente ou da família. 


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Aqui você confere na íntegra a reportagem exibida ontem no SBT Repórter, vale a pena assistir: http://www.sbt.com.br/sbtreporter/reportagens/?id=41274

Um comentário:

  1. Concordo com a sua opinião. Em casos extremos, penso que a eutanásia não deveria ser considerada como crime. Afinal, não considero como homicídio, e tampouco induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, que são os tipos penais nos quais poderia ser enquadrada a eutanásia. Afinal, para ser crime, deveria ter um bem jurídico tutelado (protegido) pela norma, No caso desses 2 crimes que citei, seria a vida humana. Mas a pergunta é: que vida humana? Só o paciente sabe pela dor e sofrimento pelos quais está passando. E tem quem diga: Ah! Mas a vida é um bem jurídico indisponível! Errado! Não existe bem jurídico absoluto no ordenamento brasileiro. Eu sou a favor, em casos extremos, e acredito que deveria ser elaboarada uma norma para definir como a eutanásia deveria ser realizada, a fim de evitar abusos e homicídios praticados deliberadamente. Quem é contra, coloque-se no lugar da pessoa que está sofrendo e reflita. O que vale mais a pena? Ter um parente aqui na terra conosco, só para termos sua companhia ou simplesmente deixá-lo ir a um lugar bem melhor, com paz? Já li textos jurídicos, religiosos, anônimos, e nenhum deles jamais me convencerá do contrário.

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